1 de janeiro de 2011

Miranda Twiss - Os mais perversos da história

TWISS, Miranda. Os mais perversos da história. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2005.


O mal, independente das implicações e até mesmo das subjetividades da palavra, de acordo com o contexto cultural e outras questões, é algo que curiosamente desperta interesse em muitas pessoas. Os motivos podem ser dos mais diversos; desde o simples aprendizado ao entretenimento ou até mesmo admiração, a maldade dos indivíduos chama a atenção e causa tanto espanto quanto curiosidade. E é justamente essa curiosidade – ou qualquer outro motivo citado ou não citado – que é aguçada pela leitura da presente obra, Os mais perversos da história.

Miranda Twiss, que é formada em história e inglês pelo Goldsmith’s College, da Universidade de Londres, reservou nesse livro espaço para os homens e mulheres que julgou os mais perversos da história. Percebe-se logo de início, ao ler o índice, que a maioria das pessoas citadas foram governantes ou possuíam prestígio político, e não necessariamente cometeram diversos assassinatos pessoalmente. Contudo, foram responsáveis, sejam por ordens diretas ou por suas políticas, pela morte de muitas pessoas. Em alguns casos, nem mesmo um número aproximado de mortes é possível.


Os personagens são apresentados de forma cronológica, começando por dois imperadores romanos: Calígula e Nero. Explorando a megalomania e as extravagâncias de ambos, Miranda Twiss apresenta alguns dos acontecimentos mais bizarros relacionados a essas figuras. O mesmo se repetirá no decorrer do livro.


Em seguida, a autora passa por Átila, o Huno, ressaltando o medo que o “flagelo de Deus” impunha aos seus inimigos, e passando para o Rei João, da Inglaterra. Adiante, Twiss fala sobre Tomás de Torquemada, o inquisidor mais implacável da história da Inquisição Espanhola, e passa a tratar posteriormente sobre Vlad Tepes, o empalador, príncipe da Valáquia, na atual Romênia e inspirador de Drácula, um dos mais famosos personagens da literatura em todos os tempos.


Indo para a conquista das Américas, a autora fala sobre Francisco Pizarro, conquistador dos Incas, relatando sua luta contra Atahualpa, um dos dois governantes do então dividido império e algumas das atrocidades dos espanhóis no continente. Em seguida, três governantes são tratados: Maria Tudor e a eliminação de centenas de protestantes, Ivã IV, também conhecido como Ivã, o Terrível e Elizabeth, condessa de Bathory, que entre outros epítetos, é também chamada de “condessa sanguinária”, possivelmente responsável, segundo muitos relatos, por mais de seiscentas mortes, pessoalmente ou com ajuda de seus capangas.


A seguir, dois capítulos dedicados à Rússia/União Soviética: Raspútin e Joseph Stalin. O primeiro, um monge cercado de mistério que influenciara o czar e sua esposa ao ponto de manipular o governo russo; o segundo, o oportunista ditador soviético responsável talvez pelo maior número de mortes já creditadas a um governante, ao menos recentemente.


Em seguida, é apresentado o mais conhecido de todos: Adolf Hitler. Sem fugir do período da Segunda Guerra Mundial, temos Ilse Koch, a “cadela de Buschenwald”, responsável pela tortura e morte de um grande número de prisioneiros neste campo de concentração, onde ordenava a retirada de suas peles para a confecção de abajures e outro itens. Por fim, Miranda trata sobre Pol Pot, um dos maiores genocidas do século XX e a desgraça social, econômica e cultural que este trouxe ao Camboja, e Idi Amin, o megalomaníaco ditador ugandense.


Para cada um dos indivíduos, Miranda Twiss trabalhou com uma média de três a cinco livros. Nenhuma fonte primária foi utilizada; Twiss limitou-se a fazer uma revisão bibliográfica de cada um dos personagens trabalhados. Fica claro que em cada um dos casos, o que a autora se propôs a fazer foi um artigo, baseado em alguns livros, fazendo uma história descritiva de cada um. Não há nenhuma grande problematização nos capítulos, mas felizmente a autora se preocupa em apontar que alguns relatos e conhecimentos acerca do indivíduo se misturam com lendas e relatos fantasiosos sobre seus feitos. Por fim, vale citar que alguns dos méritos destes personagens como governantes foram ressaltados, o que em nenhum momento toma destaque ou serve de justificativa para suas atitudes.


É um livro de leitura muito simples, rápida e instigante. É uma leitura agradável para entusiastas em história, ideal para despertar interesse em assuntos relativos aos indivíduos tratados (como suas políticas, as teorias que guiaram seus ideais, etc), mas seu conteúdo, por si só, pode ser considerado pobre academicamente. Os livros indicados na bibliografia para cada caso, embora todos em inglês, são mais recomendados a quem se interessar e tiver condições de lê-los.

Preço médio: R$ 45,90.