O texto abaixo é uma tradução livre da notícia originalmente postada no
site My Modern Met, com a adição de uma foto (e sua respectiva legenda) tirada diretamente do site do fotógrafo, já que a legenda da foto anterior demandava esta adição. A postagem
original pode ser lida aqui. Se possível recomendamos que assistam ao vídeo de
nosso canal falando sobre o livro “A revolução coreana” antes de ler este texto. O vídeo pode ser assistido clicando aqui.
Por Sara Barnes
No início deste ano, o fotógrafo atualmente residente em
Londres Michal Huniewicz viajou para um dos países mais curiosos do mundo –
Coreia do Norte. Ele estava acompanhado por um pequeno grupo de turistas e dois
guias que os levaram para um tour pela capital, Pyongyang. Como você pode
esperar, essa viagem não foi fácil de fazer. Entre várias restrições, a
fotografia é normalmente ilegal (exceto em algumas áreas), mas Huniewicz
decidiu levar sua câmera de qualquer jeito. Seus guias lhes disseram que ele
provavelmente teria suas fotos apagadas, mas Huniewicz pode, milagrosamente,
deixar o país com todas suas fotos.
A incrível série de fotos nos dá
uma visão de uma terra e uma cultura isolada do resto do mundo. Huniewicz
captura a vasta arquitetura de Pyongyang e monumentos, assim como as vidas
cotidianas de seus cidadãos – ou seja, sua convivência diária com constante
presença militar. Ele conta que eles passaram um longo tempo nas partes “boas”
da cidade, enquanto simplesmente passavam pelas áreas “menos ideais”. Graças à
astúcia de Huniewicz, ele conseguiu fotografar ambas.
Huniewicz compartilhou muitas fotos de sua viagem em seu site. Nós incluímos algumas de nossas favoritas – com as legendas originais – abaixo.
Você tem que ser rápido. Logo nós notamos que enquanto Pyongyang
deveria ser uma vitrine utópica para os visitantes estrangeiros como nós,
haviam partes mais glamorosas, e algumas menos glamorosas. Além do mais, nosso
motorista mudo estava perfeitamente ciente disso, então ele convenientemente
reduzia a velocidade sempre que os arredores eram impressionantes, e acelerava
sempre que eram menos agradáveis, para que fosse mais difícil fotografá-los.
Eles não nos deixavam andar para qualquer parte – dentro de talvez um minuto
ou dois após deixar o trem nós fomos todos apertados em uma minivan que seria
nossa segunda casa durante toda a estadia. Como vocês podem ver, agora é OK
levar seu celular com você, apesar de não haver nenhum sinal e nenhuma Wi-Fi em
lugar algum. Seu telefone será completamente revistado na sua saída.
Conheçam nossos guias. Nós não podíamos deixar a área do hotel sem
eles. Ela fazia claramente o tipo “Policial legal”, e até cantou para nós. Ele
fazia o tipo “Policial malvado”, e nós concluímos que ele tivesse algum tipo de
autoridade militar, já que os soldados o cumprimentavam ao inspecionar seus
documentos. Sua voz nos dizia para irmos dormir e nos acordava de manhã.
A garçonete que nos servia de vez em quando parecia um pouco
aterrorizada. Essa foi nossa primeira noite na Coreia do Norte. Nós jantamos no
porão do hotel, em uma sala pequena, discutindo se ele estava grampeado e se
poderíamos confiar uns nos outros (o grupo era composto de sete pessoas).
É assim que Pyongyang se parece vista do Hotel Yanggakdo. À esquerda, o
hotel Koryo, que supostamente pegou fogo recentemente. Era lá onde você ficaria
se fosse chinês – os chineses têm muito mais liberdade que qualquer outro
estrangeiro. O hotel está no centro da cidade, e os turistas que ficam nele
podem andar na quadra sozinhos, e até dá para atravessar a rua (embora não seja
oficialmente permitido). À direita, o Ryugyong, também conhecido como “Hotel of
Doom” [N.T.: algo como “Hotel da Ruína”, mas em português o hotel é mais
conhecido como “Hotel fantasma”]. O
edifício de 330 metros de altura permanece majoritariamente vazio, já que a
Coreia do Norte não tem fundos para terminar a construção (iniciada em 1987).
No centro da capital – o distrito central – na Praça Kim Il-sung, o
Grande Palácio de Estudos do Povo permanece firme e orgulhoso, exatamente de
frente para a Torre Zuche do outro lado do Rio Taedong. A biblioteca dentro
dessa construção tem alguns livros estrangeiros, mas é necessária uma permissão
para pegá-los, porque caso contrário eles poderiam contaminar as mentes
norte-coreanas com ideias ocidentais. Ah, eu mencionei que o nome oficial da
Coreia do Norte é República Popular Democrática da Coreia? Onde Marx e Lenin
eram mostrados, agora os dois – com todo o respeito – suspeitos habituais estão
sorrindo para nós com gentileza.
Aí estão eles, o pai consideravelmente mais elegante que o filho, que,
ao contrário da vida real, não está usando sapatos com saltos. Inicialmente,
ele estava usando um casaco também, mas eles trocaram por uma parca.
Eles nos levavam para esse lugar o tempo todo, talvez eles estejam
realmente orgulhosos do mural.
Construído para comemorar a resistência coreana contra o Japão de 1925
a 1945, esse é o segundo arco do triunfo mais alto do mundo. O mais alto está
no México.
Qual foi a última vez em que você viu uma criança no Ocidente limpando
algo? Além disso, a estátua à esquerda mostra um soldado norte-coreano pisando
em uma bandeira americana.
Mas não parece que elas sejam voluntárias para manter o lugar limpo.
Levando em conta que a Coreia do Sul não provê mais fertilizante, os
norte-coreanos são encarregados de coletar suas fezes no inverno para o plantio
na primavera. Elas são usadas para produzir toibee, um fertilizante no qual
cinzas são mixadas com excremento humano. Fábricas e empresas públicas são
ordenadas a fabricar duas toneladas de toibee.
Na Coreia do Norte, há lugares que você pode visitar e lugares que você
não pode, e os últimos são muito mais numerosos. Bem, esse é um deles.
Normalmente, nós estaríamos acompanhados por nossos guias, um na frente, um
atrás. Mas em um momento eles estavam ambos na frente, o que permitiu um tour
de, literalmente, quinze segundos nesta loja comum para norte-coreanos. Isso me
deu uns dez segundos para tirar essa e a foto seguinte, antes de ser tirado
dali pelo “policial malvado”, e o clima ficou bastante desagradável. Eu não tenho
certeza se ele me viu tirando essas fotos.
Você paga mais de $5 dólares por essas maçãs. Mas você nunca vai
negociar com o dinheiro local, chamado Won. Para você, eles aceitarão Yuans
chineses, Euros, ou o dinheiro do seu grande inimigo, o todo poderoso Dólar.
O centro da cidade tem também estes arranha-céus coloridos, diferentes
de qualquer outra construção que eu vi. Contudo, várias partes de
infraestrutura, como essa ponte, aparentam estar seriamente negligenciados.
Blocos de apartamentos em Pyongyang.