14 de abril de 2016

Turista tira fotos ilegalmente na Coreia do Norte… E consegue sair do país com elas!



O texto abaixo é uma tradução livre da notícia originalmente postada no site My Modern Met, com a adição de uma foto (e sua respectiva legenda) tirada diretamente do site do fotógrafo, já que a legenda da foto anterior demandava esta adição. A postagem original pode ser lida aqui. Se possível recomendamos que assistam ao vídeo de nosso canal falando sobre o livro “A revolução coreana” antes de ler este texto. O vídeo pode ser assistido clicando aqui.

Por Sara Barnes

No início deste ano, o fotógrafo atualmente residente em Londres Michal Huniewicz viajou para um dos países mais curiosos do mundo – Coreia do Norte. Ele estava acompanhado por um pequeno grupo de turistas e dois guias que os levaram para um tour pela capital, Pyongyang. Como você pode esperar, essa viagem não foi fácil de fazer. Entre várias restrições, a fotografia é normalmente ilegal (exceto em algumas áreas), mas Huniewicz decidiu levar sua câmera de qualquer jeito. Seus guias lhes disseram que ele provavelmente teria suas fotos apagadas, mas Huniewicz pode, milagrosamente, deixar o país com todas suas fotos.

A incrível série de fotos nos dá uma visão de uma terra e uma cultura isolada do resto do mundo. Huniewicz captura a vasta arquitetura de Pyongyang e monumentos, assim como as vidas cotidianas de seus cidadãos – ou seja, sua convivência diária com constante presença militar. Ele conta que eles passaram um longo tempo nas partes “boas” da cidade, enquanto simplesmente passavam pelas áreas “menos ideais”. Graças à astúcia de Huniewicz, ele conseguiu fotografar ambas.

Huniewicz compartilhou muitas fotos de sua viagem em seu site. Nós incluímos algumas de nossas favoritas – com as legendas originais – abaixo.




Você tem que ser rápido. Logo nós notamos que enquanto Pyongyang deveria ser uma vitrine utópica para os visitantes estrangeiros como nós, haviam partes mais glamorosas, e algumas menos glamorosas. Além do mais, nosso motorista mudo estava perfeitamente ciente disso, então ele convenientemente reduzia a velocidade sempre que os arredores eram impressionantes, e acelerava sempre que eram menos agradáveis, para que fosse mais difícil fotografá-los.



Eles não nos deixavam andar para qualquer parte – dentro de talvez um minuto ou dois após deixar o trem nós fomos todos apertados em uma minivan que seria nossa segunda casa durante toda a estadia. Como vocês podem ver, agora é OK levar seu celular com você, apesar de não haver nenhum sinal e nenhuma Wi-Fi em lugar algum. Seu telefone será completamente revistado na sua saída.


Conheçam nossos guias. Nós não podíamos deixar a área do hotel sem eles. Ela fazia claramente o tipo “Policial legal”, e até cantou para nós. Ele fazia o tipo “Policial malvado”, e nós concluímos que ele tivesse algum tipo de autoridade militar, já que os soldados o cumprimentavam ao inspecionar seus documentos. Sua voz nos dizia para irmos dormir e nos acordava de manhã.

A garçonete que nos servia de vez em quando parecia um pouco aterrorizada. Essa foi nossa primeira noite na Coreia do Norte. Nós jantamos no porão do hotel, em uma sala pequena, discutindo se ele estava grampeado e se poderíamos confiar uns nos outros (o grupo era composto de sete pessoas).



É assim que Pyongyang se parece vista do Hotel Yanggakdo. À esquerda, o hotel Koryo, que supostamente pegou fogo recentemente. Era lá onde você ficaria se fosse chinês – os chineses têm muito mais liberdade que qualquer outro estrangeiro. O hotel está no centro da cidade, e os turistas que ficam nele podem andar na quadra sozinhos, e até dá para atravessar a rua (embora não seja oficialmente permitido). À direita, o Ryugyong, também conhecido como “Hotel of Doom” [N.T.: algo como “Hotel da Ruína”, mas em português o hotel é mais conhecido como “Hotel fantasma”]. O edifício de 330 metros de altura permanece majoritariamente vazio, já que a Coreia do Norte não tem fundos para terminar a construção (iniciada em 1987).


No centro da capital – o distrito central – na Praça Kim Il-sung, o Grande Palácio de Estudos do Povo permanece firme e orgulhoso, exatamente de frente para a Torre Zuche do outro lado do Rio Taedong. A biblioteca dentro dessa construção tem alguns livros estrangeiros, mas é necessária uma permissão para pegá-los, porque caso contrário eles poderiam contaminar as mentes norte-coreanas com ideias ocidentais. Ah, eu mencionei que o nome oficial da Coreia do Norte é República Popular Democrática da Coreia? Onde Marx e Lenin eram mostrados, agora os dois – com todo o respeito – suspeitos habituais estão sorrindo para nós com gentileza.


Aí estão eles, o pai consideravelmente mais elegante que o filho, que, ao contrário da vida real, não está usando sapatos com saltos. Inicialmente, ele estava usando um casaco também, mas eles trocaram por uma parca.


Eles nos levavam para esse lugar o tempo todo, talvez eles estejam realmente orgulhosos do mural.


Construído para comemorar a resistência coreana contra o Japão de 1925 a 1945, esse é o segundo arco do triunfo mais alto do mundo. O mais alto está no México.


Qual foi a última vez em que você viu uma criança no Ocidente limpando algo? Além disso, a estátua à esquerda mostra um soldado norte-coreano pisando em uma bandeira americana.


Mas não parece que elas sejam voluntárias para manter o lugar limpo. Levando em conta que a Coreia do Sul não provê mais fertilizante, os norte-coreanos são encarregados de coletar suas fezes no inverno para o plantio na primavera. Elas são usadas para produzir toibee, um fertilizante no qual cinzas são mixadas com excremento humano. Fábricas e empresas públicas são ordenadas a fabricar duas toneladas de toibee.


Na Coreia do Norte, há lugares que você pode visitar e lugares que você não pode, e os últimos são muito mais numerosos. Bem, esse é um deles. Normalmente, nós estaríamos acompanhados por nossos guias, um na frente, um atrás. Mas em um momento eles estavam ambos na frente, o que permitiu um tour de, literalmente, quinze segundos nesta loja comum para norte-coreanos. Isso me deu uns dez segundos para tirar essa e a foto seguinte, antes de ser tirado dali pelo “policial malvado”, e o clima ficou bastante desagradável. Eu não tenho certeza se ele me viu tirando essas fotos.


Você paga mais de $5 dólares por essas maçãs. Mas você nunca vai negociar com o dinheiro local, chamado Won. Para você, eles aceitarão Yuans chineses, Euros, ou o dinheiro do seu grande inimigo, o todo poderoso Dólar.


O centro da cidade tem também estes arranha-céus coloridos, diferentes de qualquer outra construção que eu vi. Contudo, várias partes de infraestrutura, como essa ponte, aparentam estar seriamente negligenciados.


Blocos de apartamentos em Pyongyang.


Eu acho que eles estavam muito orgulhosos dessa área, porque eles nos levavam até ela constantemente.

Michal Huniewicz
SITE | FACEBOOK